Os riscos da automedicação em gatos
- Nathalia universoeditor@gmail.com
- 16 de dez. de 2021
- 3 min de leitura
Sabemos que nossos animais de estimação, como cães e gatos, são considerados parte da família e é bastante preocupante quando surgem sintomas diferentes do normal ou doenças. O nosso desejo é que eles voltem o mais rápido possível ao seu estado normal de saúde ❤ . Porém, mesmo querendo que ele melhore o quanto antes, deve-se sempre agir de acordo com a indicação de seu médico veterinário.

O ato de medicar seu animalzinho (que podemos chamar de automedicação) sem a orientação de um profissional pode gerar graves problemas a ele. “Muitas vezes, tutores tendem a medicar seus gatos erroneamente, por não saberem quão sensíveis eles são e esperarem muito tempo para levar ao veterinário, pelo custo ou falta de conhecimento sobre a delicadeza da saúde felina”, reforça a Médica Veterinária Ana Carolina Buzzo Lopes Rigitano. Ela explica que, no caso dos gatos, os principais problemas causados pela medicação sem orientação estão relacionados a quadros de intoxicação.
Além disso, é importante saber também que os remédios indicados a nós, humanos, muitas vezes não são indicados aos animais, há diversas medicações de uso humano, e mesmo canino, que os gatos não metabolizam adequadamente. Entre as principais medicações que são utilizadas erroneamente para medicar gatos, e que podem causar sérios problemas, podemos citar o ibuprofeno, paracetamol, benzoato de benzila (sabonete sarnicida – Arcasan ou Matacura), pyridium, cystex, sepurin, uropac entre outras. Essas medicações podem, em geral, ter um efeito oxidativo na hemoglobina, causando uma anemia severa e/ou nefrotoxicidade (alteração renal aguda). No caso do buscopan composto, o animalzinho pode ter arritmia cardíaca. A médica veterinária relata que já atendeu casos deste tipo: “Durante meu período de residência era comum pegar casos de intoxicação por paracetamol e também pyridium, isso porque os tutores têm acesso facilmente a essas medicações e costumam fazer uso para si. Eram sempre casos muito severos, inclusive com pacientes que evoluíram para óbito”, afirma Ana.
Outros casos que podem ocorrer são enganos na dosagem ou mesmo na troca de medicamento a ser dado ao animal. Pode acontecer a estrapolação de dose de cães para o gato, isso pode levar a quadros de intoxicação, nem sempre imediatamente, mas, às vezes, ao perceber que o gatinho não está normal, o tutor acessa a internet (como Google e fóruns de perguntas e respostas), e, não sabendo filtrar a informação, pode piorar ainda mais a situação. O melhor sempre é levá-lo a um médico veterinário que seja especializado em medicina felina ou tenha muita afinidade com a área, pois existem medicações de uso veterinário, com a bula dizendo que pode ser usado em gatos e que não podem ou que, a depender da dosagem, podem levar à cegueira, como por exemplo, a enrofloxacina, amplamente usada na medicina veterinária e erroneamente prescrita para gatos. “Outra recomendação é que não se deve usar água oxigenada para tentar induzir o vômito do animal, pois pode causar quadros de esofagite severa. Alguns tutores também costumam dar carvão ativado ao animal nessas situações, porém ele possui um tempo após a intoxicação que pode ter algum efeito benéfico, passado esse tempo, não trará benefício e o tutor estará perdendo o tempo precioso e fundamental de fazer o tratamento adequado e salvar seu gatinho”, explica a doutora.
Quem tem cães e gatos em casa deve se atentar sempre à diferença na medicação de um e de outro. Por exemplo, a dipirona, usada para cães em doses maiores e intervalos mais curtos, para o gato, deve ser dada apenas uma vez ao dia (sob orientação médica) respeitando a dose correta, isso porque o metabolismo felino é mais lento e, muitas vezes, o gato não terminou de metabolizar a dose oferecida anteriormente, diferente do cão.
A regra geral e dica é: em qualquer problema de saúde ou sintoma diferente, nunca medique seus animais, especialmente gatinhos, sem a indicação de um médico veterinário especializado em medicina felina. Infelizmente ainda há médicos veterinários que não se aprofundam no tema e também atendem gatos como cães pequenos e o organismo felino é altamente complexo e cheio de particularidades.
(Contribuição de Ana Carolina Buzzo Lopes Rigitano – Médica Veterinária que atende os gatinhos da Gatópoles – CRMV-SP 32234).
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